domingo, 25 de abril de 2010

Microbiologia Forense: Uma breve história



Fonte: http://www.microbelibrary.org/microbelibrary/files/ccImages/Articleimages/cdcphil/Yersinia%20pestis%20fig6.jpg
Foto 2: Microscopia de uma lâmina com cepa de Yersinia pestis

http://img181.imageshack.us/i/02sp6ta6.jpg/
Foto 1: Claviceps purpurea (Fungo patogênico onde se extraiam suas micotoxinas).

O uso de agentes patogênicos como arma biológica não é nenhuma novidade, pois o mesmo tem sido documentado por muitos anos.
Os antigos Romanos contaminavam os poços de água de seus inimigos com carne apodrecida, em que são ricos em bactérias patogênicas.
Durante o século 14, a cidade de Kaffe (atualmente Feodosiya Ukrânia) foi cercada e atacada por soldados Tarta da Mongólia, espalhando a “Peste negra” (Doença Bubônica – Bactéria Pasteurellas pestis (atualmente Yersinia pestis). Os soldados Tartas catapultavam os corpos dos soldados mortos por doença bubônica como arma biológica para a cidade de Kaffa, contribuindo assim com a epidemia de “Peste bubônica” na Europa na idade média.
Conquistadores espanhóis e britânicos utilizaram cobertores e roupas contaminadas com o vírus da varíola e sarampo contra os Nativos Americanos. Segundo a história essa mesma tática teria influenciado os franceses contras os índios.
Durante a segunda guerra mundial os japoneses utilizaram pulgas criadas em laboratório que se alimentavam de ratos contaminados. Os japoneses utilizaram as pulgas como armas biológicas sendo lançadas sobre a China de seus aviões.
O grupo religioso (conhecidos por fazer ataques no metrô de Tókio com gás sarim que ataca o sistema nervoso humano e mata) teria tentado espalhar material contaminado de Bacillus anthrax do alto de um prédio histórico de Tókio onde eram realizados seus cultos. O ataque não causou nenhuma doença, pois a população tinha sido vacinada. Acredita-se então que o mesmo grupo tenha usado a toxina botulínica e cogumelo venenoso, porem seus ataques não obteve sucesso.
Em 1984 seguidores do grupo religioso Baghwan Sri Rajneesh tentou influenciar nos resultados das eleições locais em Dallas, Oregon USA. O grupo teria contaminado a salda de 10 restaurantes com a bactéria Salmonella typhimurium, onde 751 pessoas desenvolveram intoxicação alimentar.
Em 1996 no Texas, Dallas – USA foi documentado a ocorrência de 20 técnicos de laboratório que foram infectados intencionalmente por Shigella dysenteriea tipo 2. Os técnicos apresentaram sintomas de diarréia. Foi feito uma investigação para fazer a triagem do microorganismo que causou a contaminação. Segundo as investigações, os técnicos desenvolveram os sintomas após consumirem bolos do tipo Muffin (semelhante ao Ana Maria aqui no Brasil) no café da manhã do laboratório. Foram coletadas amostras biológicas de fezes para análise microbiológica para serem comparadas com os resultados das analises dos “bolinhos” Muffin contaminados. O resultado foi confirmado por meio de analise microbiológico e técnica de PCR (reação em cadeia de polimerase) comparando o DNA das bactérias analisada. A investigação encontrou uma técnica do próprio laboratório como a responsável do crime, pois a mesma já havia cometido mais 5 crimes e falsificação de documentos do laboratório.
Historicamente ocorriam muitos ataques contra animais de criação como cavalos. Por exemplo, na primeira guerra mundial, a bactéria Burkholderia mallei foi utilizadas por soldados alemães para infectar cavalos e mulas dos seus inimigos. Na verdade foi estabelecido um laboratório em Chevy Chase, Maryland em 1916 para cultivo de Burkholderia mallei e outros microorganismos vivos para infectar animais do exercito americano. Os russos utilizaram o mesmo microorganismo nos anos 80 na guerra do Afeganistão.
As bactérias e suas toxinas não eram as únicas a serem usadas como arma biológica. Houve também a utilização de micotoxina (toxina dos fungos) para causar graves doenças e até a morte. No século VI depois de Cristo, os Sírios tomaram o conhecimento do potencial das micotoxinas como arma biológica, onde eles envenenavam seus inimigos através de água contaminada por Claviceps purpúrea, fungo parasita que muito rico em alcalóides, substância altamente tóxica ao homem. Logo após a Segunda Guerra mundial, soldados Russos utilizaram a micotoxina de um fungo do gênero Fusarium spp. em farinha de trigo contaminadas em que eram feito os pães e distribuídos para a população se alimentarem, mas logo sofreram de graves doenças.
As micotoxinas foram espalhadas em Laos (pais asiático) por pulverização em 1975 – 1981, no Camboja em 1979 – 1981 e no Afeganistão de 1979 a 1981. Mais de 10.000 pessoas entre civis e soldados morreram envenenadas por micotoxinas. O Iraque teria desenvolvido um programa para a utilização de Aflatoxina como arma biológica.

sábado, 24 de abril de 2010

Microbiologia Forense: conceitos

A microbiologia forense é a aplicação dos estudos de microorganismos em investigações de provas legais em área de suspeita de crime (SAFERSTEIN, 1995).
Microbiologia forense é um campo relativamente novo que pode ajudar na resolução dos casos, tais como:
• Ataque de Bioterrorismo: É a utilização de microorganismos, tais como, bactérias ou vírus como arma biológica. Um exemplo foi o uso do Bacillus anthrax como arma biológica utilizadas por terroristas (BREEZE, 2005).
• Negligência médica: Muitos casos foram denunciados por jornais e noticiários de TV contaminações por “super bactérias” em enfermarias de hospitais ocasionando diversos óbitos de pacientes. Ocorre quando médicos e/ou enfermeiros manipulam pacientes com imunidade baixa, infectando-os por bactérias oportunistas, além de materiais contaminados para tratamento dos pacientes.
• Surtos de doenças por alimentares contaminados: A falha no processo de descontaminação e conservação dos alimentos pode ocasionar o crescimento de microrganismos patogenos, como por exemplo, Salmonella typhi, Yersinia enterocolitica, Shigella desinteries, dentre outras bactérias, ocorrendo o crime de atentado à saúde pública (SALYERS, 2003).
• Crimes sexuais: É um tipo de crime em que a vitima é acometida de violência, onde a posse sexual, em que o agressor poderá infectá-la por bactérias e vírus sexualmente transmissíveis como a sífilis, AIDS e gonorréia.

Fontes Bibliográficas:
- BREEZE, R.G., BUDOWLE, B., WILSON, M.R., BURANS, J.P., CHAKRABORTY, R. Microbial Forensic, 1ª Edition. New York: Academic Press, 2005 Cap.1 p. 1-17.

- SAFARSTAIN, R. (Edit) Criminalistics – An introduction to Forensic Science, fifth edition. New Jersey: Pratice Hall Education, 1995.

- SALYER, A. A. Microbes in Court: The emerging Field of microbial forensic. (2003) Disponível na URL: